sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Você

Você me chegou com seu olhar enigmático, falar sincrético, seu abraço magnético. Era noite, já verão e eu estava à sua procura. Quando eu já começava a olvidar, duvidar, não mais esperar, você apareceu. Chegou de mansinho, como quem não quer nada, tudo era novidade... Para mim, aquilo não podia ser, estar, acontecer. Seria um sonho? Um surto, irrupção de memória, ou um acontecimento? Sim era você, o acontecimento!
Quando lhe vi defronte a mim, não soube o que fazer. Não precisou, bastou eu olhar pra você e tua sensibilidade já era a minha resposta! Tua sede era minha e minha fome era você.
Teu acalanto a sussurrar, o ar a me fruir, as mãos a me tocar. Não pude crer. Ainda que embriagado e trêmulo de espanto entreguei-me a teus cuidados, e o meu tudo era você. Foste sonho noite adentro, a me guiar e me seguir, naquela noite lancinante, foste amado, foste amante, até o crepúsculo do dia, pelo sol do amanhecer.

Um comentário:

Adriano Queiroz disse...

Como é bom este espanto. O susto dos corpos encaixados.

Para seu texto, Clarice Lispector:
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. (Clarice Lispector)

Abraços.